Hoje senti derramar-se a existência sobre mim, e pude assim, mais uma vez, ser consciente da consciência da consciência da consciência. O buraco vazio do infinitíssimo não-nascimento, que até poderia ter sido, mas nunca será, apenas me demonstrou - triunfante - o tamanho real de minha eternidade. Entre uma piscada e outra entendi que se cada dia que termina é uma perda irreparável, quase trágica, pois então cada novo amanhecer é um presente de valor incalculável. Sinto a bendita vontade por agradecer, mas como? E para quem? Apenas agradeço.
E assim, por um instante luminoso, sou essa água pensante que flui por essa vida quase distraído num ato de inevitável casualidade. Se tudo é ilusão, então a ilusão, como única realidade, é o que nos resta.
Passeio pelas minhas memórias profundas, foleando paisagens titânicas, novemente embasbacado pela luz, pela sensação do irregular vento na pele e pela porta de tempo que se abriu para mim.
Silêncio.
Arbitrária existência de sensações sem nome. A música do universo é a musa que me provou outra vez mais que existo
Alexei
março de 2011
março de 2011
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