sábado, 9 de abril de 2011

Sobre Yoga


Pratico meditação yoga, por muitas razões. Algumas, provavelmente, são melhores que outras, mas não tento demais descobrir quais são elas. Simplesmente aprecio-as todas.

Muito bem, então eu "deixo fluir", mas já que eu leventei o assunto fica a pergunta: que motivações são essas?

Vamos a elas.

Primeiramente, pratico por perceber distância entre corpo e mente; entre estar e ser, e entre pensar e sentir. Sou dois num só, e o yoga sabe reduzir esta distância, me unindo a mim mesmo. O olhar para a respiração me é útil, por este ser ato vital parte consciente e parte inconsciente. O fluxo pendular do oxigênio é parte eu, parte o outro eu dentro de mim, e por isso, serve de ponte entre as camadas externas e internas, a pele física, e a mental, entre o músculo de carne, e o seu correspondente imaginário na mente que o aciona.

Pratico yoga porque percebi que o olhar para o universo interno da minha auto-consciência, é tão inponderável e tão imensurável quanto olhar para a amplidão de uma noite estrelada, ou para a perfeição de uma forma geométrica ideal.

No yoga a mente fala com o corpo, mas não mais que este o escuta. Sinto que as idéias se abrem às sutilezas do lado de dentro do corpo. As janelas todas se escancaram aos poucos, e por elas entram as brisas de fora e escapam os pensamentos enjaulados.

Faço yoga pela eterna busca pela saude, ou seja, pela luta contra a inerente fragilidade do indivíduo. A eternidade é ilusória num universo sempre em transformação, mas a harmonização é possível, e estar em bom estado de saúde é uma meta válida, embora seja, em estado absoluto, algo inatingível. Saúde é transitória, mas nem por isso devemos dela desistir.

Pratico yoga para melhor compreender a filosofia oriental, o Zen, o Tao, o Dharma. O pensamento do oriente exige um fazer, um praticar, e não são suficientes apenas a leitura de textos. Mas também sinto que esta prática me lança olhares sobre a música e a cultura ocidental, que particularmente é minha principal área de estudo. A arte dos sons, para ser melhor compreendida, me sugere novas perspectivas e percepções. O culto ao silêncio e a contemplação do Ohm reiniciaram meu entendimento da música da minha vida.

Pratico por estar insatisfeito com a vida parcial que temos. A insuficiência dos valores, a superficialidade e efemeridade das relações modernas, a pressa e a pressão, o materialismo arrogante, e a falta de uma espiritualidade sincera, coerente e realmente transcendente exigem a compensação que o Yoga sabe oferecer.

Pratico ainda por querer fazer o que quero, e por querer o querer que realmente quero querer. Não quero ser simplesmente a resposta inpensada dos impulsos, não quero ser governado por energias opressoras que impõem sobre mim vontades que não são minhas. Entendo que as volições nem sempre são realmente nossas, e nem sempre nos fazem bem. Estar em controle de si é também saber o que é realmente que se quer. Quais são os verdadeiros desejos e vontades que compõem nosso ser, e quais nos são impostos como parte da dominação e da ilusão da sociedade? Pratico para escutar minhas vontades íntimas, e harmonizar as energias conflitantes, para que eu queria o que eu genuinamente quero.

Enfim... Pratico para fluir, como uma água pensante, sem amarras, sem arestas nem quinas, a afastar o sofrimento e vivendo, assim, a paz.

Um comentário:

  1. Alexei, simplesmente maravilhoso. Por estas e outras me tornei professora de yoga e uma eterna estudante. Pratico yoga também para honrar o sagrado e o universo divino, Deus, que há em mim e em todos nós. Pratico yoga por amor ao meu Ser real e amor ao universo, a Pacha Mama, me tornando pouco a pouco uma pessoa melhor, mais pura e conectada com a verdade. Pratico yoga pois é a minha vida, meu caminho, meu único propósito: Evoluir. Gratidão: Luiza

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